Os cientistas encontraram uma forma de converter garrafas de plástico reciclado em aromatizantes de baunilha, utilizando bactérias geneticamente modificadas.
As garrafas de plástico são atualmente o segundo tipo de poluição plástica mais comum. Isto levou a que o material tivesse um impacto severo sobre a vida selvagem e criasse uma poluição generalizada.
Num esforço para combater esta crescente questão ambiental, os cientistas desenvolveram uma enzima mutante que pode decompor o politereftalato de etileno encontrado em garrafas em vanilina – o constituinte essencial da baunilha e do aroma de baunilha.
A vanilina é um produto químico popular que faz parte de um mercado em crescimento; não só é um aroma muito procurado, como tem utilizações farmacêuticas e herbicidas.
Como resultado, a procura de vanilina era superior a 37.000 toneladas em 2018, e 85% da mesma está atualmente a ser sintetizada a partir de combustíveis fósseis; a capacidade de utilizar garrafas recicladas como parte do seu desenvolvimento poderia, portanto, reduzir grandemente a poluição plástica.
Joanna Sadler, da Universidade de Edimburgo, explicou o significado do desenvolvimento:
“Este é o primeiro exemplo da utilização de um sistema biológico para transformar os resíduos plásticos num valioso produto químico industrial e tem implicações muito excitantes para a economia circular.”
“Os resultados da nossa investigação têm grandes implicações no campo da sustentabilidade do plástico e demonstram o poder da biologia sintética para enfrentar os desafios do mundo real.”
O Dr. Stephen Wallace, também da Escola de Ciências Biológicas da Universidade de Edimburgo, notou a importância da descoberta:
O nosso trabalho desafia a perceção de que o plástico é um resíduo problemático e, em vez disso, demonstra a sua utilização como um novo recurso de carbono do qual podem ser obtidos produtos de alto valor.
Dado que os plásticos “perdem 95% do seu valor material” após uma única utilização, a capacidade de converter 79% do produto em algo de valor poderia ser significativa nos esforços de reciclagem.
O passo seguinte é desenvolver uma metodologia que possa permitir aos cientistas acelerar esta decomposição dos produtos químicos para que possam ser utilizados de forma mais ampla. Embora isto pareça ser uma tarefa significativa, a equipa responsável pelo estudo, publicado em Green Chemistry, está confiante na sua capacidade de o fazer.
Ellis Crawford, da Royal Society of Chemistry, falou sobre o impacto significativo que este desenvolvimento poderia ter:
“Esta é uma utilização realmente interessante da ciência microbiana para melhorar a sustentabilidade. A utilização de micróbios para transformar resíduos plásticos, que são prejudiciais para o ambiente, numa mercadoria importante é uma bela demonstração da química verde.”
Este trabalho é o primeiro caso de “upcycling” do plástico desta forma, e espera-se que quando for otimizado possa alterar radicalmente a forma como vemos o plástico e o que fazemos com ele depois de o termos utilizado.