Ninguém no mundo esperava que este país da América Central fosse pioneiro no uso de criptomoedas, mas o presidente Nayib Bukele fez história ao apostar no uso do bitcoin como moeda legal. Bukele apresentou uma iniciativa ao congresso de El Salvador para incluir a utilização desta criptomoeda formalmente em todo o país e a todos os níveis. Com uma votação que alcançou 62 dos 84 votos, a agora chamada Lei Bitcoin foi aprovada e entrará em vigor dentro de três meses – aproximadamente no final de setembro de 2021.
Desde 2001 que em El Salvador se começou a utilizar oficialmente o dólar americano, o que levou ao desaparecimento gradual da sua moeda anterior, o colón do Salvador. Agora sob este novo padrão económico/tecnológico, a bitcoin será a segunda moeda legal do país, podendo ser utilizada para qualquer transacção, e o seu valor em referência ao dólar será livremente estabelecido pelo mercado.
É claro que esta decisão implica grandes desafios para o governo do país.. Em primeiro lugar, o mining de criptomoedas traduz-se num grande gasto de energia. Para além disso, é necessário facilitar o acesso à internet nas zonas rurais para que também lá possam realizar as suas transacções com bitcoin.
Na praia de El Zonte, localizada no sul do país, esta criptomoeda é utilizada há dois anos, e o Presidente Bukele analisou esse projecto para o expandir para o resto de El Salvador.
Ser o primeiro país do mundo a utilizar legalmente o bitcoin atraiu a atenção de todos e gerou controvérsia nacional e internacional. O governo de El Salvador quer destacar os benefícios desta nova lei. No entanto, também receberam críticas e comentários sobre as desvantagens desta decisão.
Entre as vantagens mencionadas estão que a criptomoeda irá facilitar o envio de remessas de salvadorenhos que se encontram nos Estados Unidos e cuja contribuição económica é muito importante para a saúde financeira do país.
Cerca de 2,5 milhões de salvadorenhos vivem nos EUA e enviam anualmente cerca de 16% do PIB do país. A utilização da bitcoin irá eliminar os intermediários.
A Lei Bitcoin irá também promover uma inclusão mais formal de pessoas com empresas, uma vez que cerca de 70% da população não utiliza qualquer conta bancária. Ter acesso a esta criptomoeda irá dar-lhes a oportunidade de participar com maior impacto na economia de El Salvador.
Bukele também espera que, recorrendo à bitcoin, exista um maior interesse por parte de investidores e inovadores estrangeiros. O seu plano parece suficientemente promissor, mas esta criptomoeda também tem a outra face…
A constante flutuação e a volatibilidade das criptomoedas será um problema real a resolver, porque o seu valor muda drasticamente de um dia para o outro e moedas que são uma fortuna hoje, amanhã podem rapidamente deixar de o ser.
Para além disso, teme-se que haja complicações na negociação que o país tem com o Fundo Monetário Internacional, do qual procura uma contribuição de cerca de mil milhões de dólares. Até agora não se sabe como é que a bitcoin será afectada por estes acordos.
De acordo com as declarações de Bukele na internet, o governo criará um fundo fiduciário no valor de 150 milhões de dólares no Banco de Desenvolvimento de El Salvador como meio para os cidadãos trocarem as suas moedas em dólares sempre que desejarem. Supostamente, este fundo procurará diminuir o risco da flutuação da criptomoeda em questão.
Dentro de noventa dias todas as empresas e lojas em El Salvador terão de afixar os seus preços em dólares e bitcoin para aqueles que desejem fazer transacções através de bitcoin.
O que dizer?