Walter Forbes foi libertado da prisão no mês passado, depois de cumprir 37 anos de pena por um crime que não cometeu.
A libertação do homem de 63 anos ocorreu depois de uma das testemunhas do seu julgamento em 1983 admitir que o seu testemunho tinha sido falso.
Forbes, oriundo de Michigan, foi preso em 1982 depois de travar uma luta de bar. Um dos homens envolvidos na rixa, Dennis Hall, deu um tiro a Forbes no dia seguinte. Mais tarde, Hall morreu num incêndio que foi considerado fogo posto.
A sua acusação foi altamente baseada no testemunho de Annice Kennebrew, uma das testemunhas, que disse que viu Forbes no local do fogo. Depois disso, foi falsamente condenado por fogo posto e homicídio.
Em 2017, Kennebrew admitiu que nunca tinha visto Forbes no local.
Ela testemunhou que o tinha acusado falsamente porque tinha sido intimidada por 2 homens que a conheciam da vizinhança e que ameaçaram magoá-la a ela e à sua família caso não o acusasse, de acordo com os documentos do tribunal obtidos pelo Detroit Free Press.
Depois de ser libertado, Forbes disse à publicação que “apesar de ter levado uma eternidade, está grato que ela tenha feito a coisa certa e que tenha finalmente dito a verdade.”
Condenou também o sistema judicial que lhe falhou, dizendo: “Chamá-lo sistema judicial dá uma falsa impressão. A simples utilização do termo ‘justiça’ dá a sensação de que é um sistema justo”.
Ao falar da sua condenação, disse:
“Não conseguia acreditar no que estava a acontecer. Uma das coisas na qual tinha fé era que a verdade viesse ao de cima, que não havia maneira de me prenderem por causa daquelas mentiras.”
“Até ao momento em que fui sentenciado, pensei que o sistema ia funcionar, que ia corrigir-se. Em retroespetiva, fui ingénuo.”
Segundo a lei dos Estados Unidos, uma testemunha que minta conscientemente depois de ter feito um juramento pode ser acusada de perjúrio, mas o estatuto de limitações para o crime é de cerca de seis anos.
Neste momento, não se sabe se Kennebrew vai sofrer alguma reprecussão pela sua mentira.
O advogado de Forbes, Imran Syed da Michigan Innocence Clinic, disse ao Detroit Free Press que uma acusação de perjúrio, neste caso, pode ser perigosa e contraproducente.
“Nós queremos que as pessoas que mentem se cheguem à frente. A comunidade como um todo vai ser prejudica se estas mentiras ficarem escondidas para sempre”, disse.