O mistério das imensas crateras descobertas numa tundra da Sibéria, na Rússia, foi finalmente desvendado por cientistas e investigadores russos, que publicaram na semana passada um estudo na revista Geosciences.
O fenómeno deve-se a poderosas explosões de gás metano, que estão a fazer com que gelo e rocha sejam projetados a centenas de metros de distância, deixando “cicatrizes” circulares abertas na paisagem vazia e misteriosa da região, considerada uma das mais inóspitas do planeta inteiro.
Até hoje, foram encontradas 17 enormes crateras nas penínsulas de Yamal e Gyda. Acredita-se que as crateras estejam ligadas às mudanças climáticas. Imagens captadas com drones, modelagem 3D e inteligência artificial estão a ajudar a revelar os seus segredos.
Pela primeira vez, os investigadores conseguiram lançar, em agosto do ano passado, um drone nas profundezas de uma cratera, exatamente a última a ser encontrada – atingindo 10 a 15 metros abaixo do solo, permitindo-lhes capturar a forma da cavidade subterrânea onde o metano se acumulou.
“A nova cratera está excepcionalmente bem preservada, já que a água da superfície ainda não se havia acumulado na cratera quando a investigámos, o que nos permitiu estudar uma cratera fresca, intocada pela degradação”, disse, de acordo com o que reportou a CNN, Evgeny Chuvilin, a investigadora que lidera a pesquisa no Centro de Recuperação de Hidrocarbonetos do Instituto Skolkovo de Ciência e Tecnologia, em Moscovo.
A investigação realizada com o drone e os modelos obtidos com ela, que mostrou grutas e cavernas incomuns na parte inferior da cratera, em grande parte confirmou a hipótese dos cientistas: o gás metano acumula-se numa cavidade no gelo, fazendo com que um monte apareça no nível do solo.
O monte cresce em tamanho antes de explodir gelo e outros detritos numa explosão e deixar para trás a enorme cratera.