A estatística é uma ciência matemática que tem provado ser muito eficaz nos seus cálculos e previsões. Ao medir a frequência com que algo acontece, as estatísticas podem produzir diagnósticos diferentes, indicar vários caminhos e prever catástrofes ou entropia dentro dos sistemas.
Agora, um grupo de matemáticos liderado por Marco Marani da Universidade de Pádua, levantou a possibilidade de uma nova pandemia estar a aproximar-se a não mais de seis décadas de distância. Para além disso, os investigadores salientaram num artigo publicado na revista PMAS (Proceedings of the National Academy of Sciences) que a probabilidade de surgimento de mais pandemias aumenta consideravelmente a cada dia que passa.
Embora a emergência sanitária provocada pela COVID-19 possa parecer invulgar, a verdade é que as pandemias ocorrem com mais frequência do que pensamos. Segundo as estimativas dos investigadores, um surto tão mortal como o do coronavírus poderia ocorrer em 60 anos e um como o da gripe espanhola poderia ocorrer novamente em 400 anos.
Eis um excerto do que se pode ler num relatório do Instituto de Saúde da Universidade Duke:
“A probabilidade de ocorrência de uma pandemia de magnitude semelhante variou de 0,3% a 1,9% por ano durante o período de tempo estudado. Por outro lado, estes números significam que uma pandemia de tal escala extrema é estatisticamente provável que ocorra nos próximos 400 anos”.
William Pan, um dos investigadores de Duke também envolvido nesta análise, afirma que não estão a fazer previsões, mas sim a apresentar cenários possíveis com base em dados históricos. Salientam ainda que a probabilidade e as estatísticas não abordaram realmente o campo de estudo relativo à questão das pandemias, e dada a atual contingência, seria importante revisitar este campo.
Contudo, Gabriel Katul, outro dos autores do artigo, disse que esta probabilidade não significa que novas pandemias surjam até daqui a 60 ou 400 anos, mas que podem ocorrer nesse período de tempo, sendo que pode ser amanhã ou em menos anos do que o previsto, uma vez que o fator de risco aumenta consideravelmente a cada ano.
William Pan aponta a mudança dos sistemas alimentares, o crescimento populacional e o aumento do contacto humano com animais portadores de doenças como os principais fatores de risco para o desenvolvimento de pandemias. No entanto, explica que estes estudos pouco mais fazem do que caracterizar situações.
Os investigadores também analisaram a possibilidade do surgimento de uma pandemia que exterminaria a vida humana e concluíram que, nos próximos 12.000 anos, uma tal contingência poderia exterminar a raça humana.
Para Pan, “a conclusão mais importante é que as grandes pandemias, como a COVID-19 e a gripe espanhola, são relativamente prováveis”.
Estudos como este permitiriam estar muito melhor preparado para contingências e chamariam a atenção para uma melhor implementação das medidas de segurança internacional, pois explica que a cooperação e comunicação entre nações é essencial para lidar com este tipo de emergência sanitária sempre que ela aparece.