É uma fotografia que assombra a alma: a assistente social Anja Ringgren Loven ajoelhada a dar água a uma criança emaciada, que foi abandonada nas ruas da Nigéria porque as pessoas acreditavam que ele era bruxo.
O menino parecia estar às portas da morte, sem hipóteses de sobreviver ao estado terrível em que encontrava.
Tirada em Janeiro de 2016, a imagem tornou-se conhecida no mundo inteiro, chamando a atenção para a dura realidade das crianças abandonadas, especialmente nos países mais pobres. Mas trouxe também uma história de esperança, que foi o nome dado ao rapazinho que ninguém pensava que iria sobreviver.
O menino, Hope, tinha por volta de 6 ou 7 anos quando a fotografia foi tirada. Os médicos acreditam que ele pudesse ter apenas 3 anos de idade quando foi abandonado na rua.
Anja disse que a criança estava em condições terríveis quando foi resgatada. Ela é a fundadora da Land of Hope, uma organização sem fins lucrativos. Disse que Hope estava seriamente malnutrido e que tinha múltiplas doenças. Ele foi hospitalizado e esteve em estado critico durante as primeiras duas semanas.
Anja disse que não sabia se o menino ia sobreviver ou não.
Nos 4 anos seguintes, Hope recebeu a educação e cuidados necessários através à instituição.
Graças a isso, a vida do menino teve uma transformação incrível.
“O Hope está muito saudável e adora ir à escola. Ele é muito inteligente, dedicado e criativo”, disse Anja. “Este é extremamente talentoso e muitas das suas pinturas já foram vendidas. Nós chamamos-lhe o nosso pequeno Picasso.”
O rapaz nunca conheceu os seus pais. A organização nunca conseguiu encontrar os seus familiares. Apesar do sofrimento pelo qual passou tão cedo na vida, o Hope pode agora olhar para a fotografia famosa com um sorriso.
“Ele muitas vezes aponta para a fotografia e sorri como se estivesse orgulhoso”, disse Anja. “Mas eu sei que não é por orgulho, as crianças nascem com a habilidade de perdoar.”
O Hope foi um resultado da sua cultura acreditar em superstições. As desgraças nas famílias, tais como doença, morte, infertilidade, fracasso das colheitas, e problemas de emprego, são frequentemente acusadas de bruxaria. As crianças dessas famílias são transformadas em bodes expiatórios e rotuladas como bruxas.
“A superstição é causada pela falta de educação estrutural, pobreza extrema, fanatismo religioso e corrupção”, disse Anja.
“Nenhuma sociedade se pode desenvolver se o seu povo for privado de direitos humanos básicos como o acesso à educação, aos cuidados de saúde, e à protecção social”.
Anja e a sua equipa já resgataram mais de 300 crianças, dando-lhes abrigo no maior centro de crianças no oeste de África.
Entre estas crianças estão meninas que foram abusadas sexualmente, torturadas e até enterradas vivas.