Todos temos aquele amigo ou amiga que carrega constantemente consigo um baralho de cartas. E a essa pessoa, só temos a agradecer, porque um baralho de cartas por vezes é tudo o que é necessário para nos entretermos e nos livrarmos do tédio.
A verdade é que estamos em 2021 e com isto, começam a surgir questões relativas às cartas que conhecemos: Porque é que o rei tem uma posição mais elevada do que a rainha? E porque é que as personagens nas cartas são sempre brancas?
Durante o verão de 2020, Indy Mellink, uma holandesa aficionada por jogos de cartas, estava a ensinar alguns jogos às suas sobrinhas quando lhe surgiram dúvidas sobre estereótipos de género. Indy, com uma licenciatura em Neurociência e um mestrado em Psicologia Forense, compreendeu o impacto de mensagens tão subtis, pelo que, encorajada pelo seu pai, começou a criar novas representações para as cartas no baralho francês.
Sendo uma conhecedora de jogos de tabuleiro, ela experimentou várias representações para o rei, a rainha e as cartas de joker. Uma das suas primeiras escolhas foi colocar um rei e uma rainha numa carta, um príncipe e uma princesa noutra, e finalmente um par de agricultores. No entanto, deparou-se com outro problema: como chamá-los? Para além disso, ela pensou na falta de diversidade racial que existia nas representações atuais.
Depois de várias experiências, encontrou a solução para o problema e começou a nomear as cartas de Ouro, Prata e Bronze (GSB), uma vez que são materiais associados a jogos desportivos e são compreendidos na maioria das partes do mundo. Estão também livres de preconceitos e podem ser adaptados a qualquer língua. Indy concebeu assim o seu próprio baralho de cartas e criou o primeiro baralho de cartas de jogo neutro em termos de género e raça.
O seu lançamento foi em outubro de 2020 e demorou apenas um curto espaço de tempo para gerar um impulso no uso de cartas neutras em termos de género um pouco por todo o globo. Uma publicação no Jornal Nacional Holandês fez despertar o interesse mundial pelo seu novo baralho, que se espalharam por países como a Bélgica, Alemanha, França, Estados Unidos, entre outros.
Embora ela tenha dito que as suas cartas são apenas uma alternativa, Indy tem recebido muitas críticas negativas nas redes sociais, com alguns a perguntarem porque mudou um jogo existente em vez de fazer um novo.
Contudo, face aos desafios da popularidade repentina das suas novas representações nos jogos de cartas, ela permanece focada e positiva.
O que dizer?