A manifestação das mulheres que lutam pelo direito de trabalharem nas obras foi um verdadeiro espetáculo. Nunca antes visto em Portugal, as mulheres vestidas com coletes amarelos e capacetes na cabeça, marchavam pelas ruas da cidade, brandindo picaretas e pás com a determinação de quem não tem medo de sujar as mãos.
A sua reivindicação é simples: querem ser livres para escolher a sua profissão, mesmo que isso signifique trabalhar na construção civil. E porquê não? As mulheres são capazes de fazer tudo o que os homens fazem, ou até melhor, como provam as cozinheiras e empregadas de limpeza que trabalham em muitos estaleiros de obras por todo o país.
Mas a sociedade portuguesa ainda é conservadora e machista, e muitos homens ainda pensam que as mulheres devem ficar em casa a cozinhar e a criar filhos. A manifestação de hoje é uma resposta a esses preconceitos e uma afirmação da igualdade de género.
O problema é que as mulheres manifestantes não parecem estar a ser levadas a sério. Muitos homens que passavam na rua olhavam-nas com um sorriso irónico, como se aquilo fosse uma brincadeira. Outros ignoravam-nas completamente, ou ainda as apupavam e insultavam.
Mas as mulheres não se deixaram intimidar. Avançaram com determinação, cantando e gritando palavras de ordem. “Somos mulheres, somos fortes, podemos fazer tudo, inclusive construir pontes e prédios!”, gritavam em uníssono.
Ao chegar ao Ministério do Trabalho, as mulheres foram recebidas por um funcionário que lhes disse que o seu pedido seria analisado com toda a atenção. Mas a resposta não pareceu satisfazer as manifestantes, que começaram a atirar tijolos e telhas para o ar.
A manifestação terminou com algumas detenções e muitas críticas na imprensa. Os jornais apontaram a violência das mulheres como uma prova de que elas não estão preparadas para trabalhar na construção civil. Mas as manifestantes não desanimam. Prometem voltar em breve, com mais força e mais determinação. E quem sabe, um dia, a construção civil será um setor de trabalho tão aberto às mulheres como qualquer outro.